CHANSON D'AUTOMNE

Les sanglots longs
Des violons
De l'automne
Blessent mon coeur
D'une langueur
Monotone.

Tout suffocant
Et blême, quand
Sonne l'heure,
Je me souviens
Des jours anciens
Et je pleure.

Et je m'en vais
Au vent mauvais
Qui m'emporte

Deçà, delà,
Pareil à la
Feuille morte.

Paul Verlaine
CASTELOS DE VENTO: junho 2007

quarta-feira

ondas de luz



Beethoven – Sonata pª piano, nº 14 – 1º Movimento “Sonata ao Luar”






no meu sonho
amanheces na superfície
das ondas brancas
na espuma indelével
onde as estrelas beijam o mar.
imaginária a geometria
limite do teu olhar sereno.
vogo no ouro vermelho
dos teus lábios
onde um sorriso
sedutor e marítimo
é a matriz aberta
a todos os enigmas.

domingo

omnia vincit amor


Agostino Carracci (1557-1602)-"omnia vincit amor"-oil on copper

omnia vincit amor

É brisa, é eco, raiz, lamento,
e no entanto não chora nem ecoa,
antes ruge e troa tão pungente,
tão indefinido, quão incerto e transparente,
que não é chuva, nem é fogo nem é vento,
é antes e tão-somente, uma furtiva lágrima,
um sentir de poeta, um reflexo de luz intenso,
tão demorado, tão oculto e tão dolente,
e é de tal forma e de tal sorte tão premente,
que ressoando clandestino pelo peito,
sentindo-se, contudo não se sente,
e ardendo, todavia não se extingue.

terça-feira

cisne negro






quando a minha alma triste já sem asas
devaneia em lúgubres sonhos de amargura
em equinócios de cisnes negros
no último canto do beiral da primavera
meu canto elevo qual ave de diomedes
que chora cantando a morte fera

quando o sofrimento se antecipa ao contentamento
quando o silêncio determinante e sofredor amarga
e se transforma em feral vórtice de dor e mágoa
quando o voo é demasiado comprido e inalcançável
oh como é imperativo cisne negro
morrer nas asas do vento.

--

no derradeiro abraço do vento
explícitas são a simetria aberta das tuas asas
e a plangência dolorida do teu canto.

sobre o tremedal labirinto
ferem-se as cordas ao dolente pranto.

estática
só a saudade do tempo inicial
permanece.

intacta.

segunda-feira

Sísifo



espuma
mito
nada…

e tudo volta ao princípio.
sou a pedra exilada
rolando sobre o aclive.
o meu nome é sísifo.


brisa
espuma
mito
coisa nenhuma…


. .