CHANSON D'AUTOMNE

Les sanglots longs
Des violons
De l'automne
Blessent mon coeur
D'une langueur
Monotone.

Tout suffocant
Et blême, quand
Sonne l'heure,
Je me souviens
Des jours anciens
Et je pleure.

Et je m'en vais
Au vent mauvais
Qui m'emporte

Deçà, delà,
Pareil à la
Feuille morte.

Paul Verlaine
CASTELOS DE VENTO: Mudam-se os tempos...

quarta-feira

Mudam-se os tempos...


Luís de Camões (1524-1580), por François Gérard(1770-1837)




Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre, tomando sempre novas qualidades.

E se todo o mundo é composto de mudança
Troquemos-lhe as voltas qu’ inda o dia é uma criança.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, e do bem, (se algum houve...) as saudades.


Mas se todo o mundo é composto de mudança,
Troquemos-lhe as voltas, qu’ inda o dia é uma criança.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.
E em mim converte, e em mim converte em choro o doce canto.


Mas se todo o mundo é composto de mudança,
Troquemos-lhe as voltas, qu’ inda o dia é uma criança.


E afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía
Que não se muda, que não se muda já como soía.


Mas se todo o mundo é composto de mudança,
Troquemos-lhe as voltas, qu’ inda o dia é uma criança.

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Tempos de desventura, estes, em que os vampíricos e cevados extorsionários sugam e subtraem às massas o pão de cada dia, para ampliarem, assim, as suas já tão fartas tulhas. Tempos lívidos de servidão e de miséria, falhos de liberdade, de justiça e equidade e até do lume vivo dos afectos. Tempos a urgir profundas mudanças e reformas, antes que seja, de todo, impossível trocar-lhe as voltas.
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