Mudam-se os tempos...

Luís de Camões (1524-1580), por François Gérard(1770-1837)
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre, tomando sempre novas qualidades.
E se todo o mundo é composto de mudança
Troquemos-lhe as voltas qu’ inda o dia é uma criança.
Troquemos-lhe as voltas qu’ inda o dia é uma criança.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, e do bem, (se algum houve...) as saudades.
Mas se todo o mundo é composto de mudança,
Troquemos-lhe as voltas, qu’ inda o dia é uma criança.
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, e do bem, (se algum houve...) as saudades.
Mas se todo o mundo é composto de mudança,
Troquemos-lhe as voltas, qu’ inda o dia é uma criança.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.
E em mim converte, e em mim converte em choro o doce canto.
Mas se todo o mundo é composto de mudança,
Troquemos-lhe as voltas, qu’ inda o dia é uma criança.
E afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía
Que não se muda, que não se muda já como soía.
Mas se todo o mundo é composto de mudança,
Troquemos-lhe as voltas, qu’ inda o dia é uma criança.
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.
E em mim converte, e em mim converte em choro o doce canto.
Mas se todo o mundo é composto de mudança,
Troquemos-lhe as voltas, qu’ inda o dia é uma criança.
E afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía
Que não se muda, que não se muda já como soía.
Mas se todo o mundo é composto de mudança,
Troquemos-lhe as voltas, qu’ inda o dia é uma criança.
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Tempos de desventura, estes, em que os vampíricos e cevados extorsionários sugam e subtraem às massas o pão de cada dia, para ampliarem, assim, as suas já tão fartas tulhas. Tempos lívidos de servidão e de miséria, falhos de liberdade, de justiça e equidade e até do lume vivo dos afectos. Tempos a urgir profundas mudanças e reformas, antes que seja, de todo, impossível trocar-lhe as voltas.
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