CHANSON D'AUTOMNE

Les sanglots longs
Des violons
De l'automne
Blessent mon coeur
D'une langueur
Monotone.

Tout suffocant
Et blême, quand
Sonne l'heure,
Je me souviens
Des jours anciens
Et je pleure.

Et je m'en vais
Au vent mauvais
Qui m'emporte

Deçà, delà,
Pareil à la
Feuille morte.

Paul Verlaine
CASTELOS DE VENTO: março 2008

sexta-feira

Penélope e Ulisses

Penélope e Ulisses

muito cedo anoiteceu aquele dia.
era inverno em ítaca, e todavia
eram incêndios as suas bocas.
dir-se-ia que a febre os consumia
e no entanto
era um amor de mil sóis
que enfebrecia
por entre o azul da noite
e a alvura dos lençóis.

e de tal maneira a paixão
tal como dantes
tanto e tanto escandecia
que acendia de brilhos a escuridão
na silente geometria do seu manto.
entretanto, por decisão de eros e afrodite,
muito tarde raiou a manhã do novo dia.

[num tempo inteiro de espera e de silêncio
sob os pórticos de um palácio envelhecido,
jamais da longa ausência o desleal olvido.
mais do que um manto
era o fogo do amor que entretecias;
mais do que flecha
era a chama da paixão que arremetia.]
. .