CHANSON D'AUTOMNE

Les sanglots longs
Des violons
De l'automne
Blessent mon coeur
D'une langueur
Monotone.

Tout suffocant
Et blême, quand
Sonne l'heure,
Je me souviens
Des jours anciens
Et je pleure.

Et je m'en vais
Au vent mauvais
Qui m'emporte

Deçà, delà,
Pareil à la
Feuille morte.

Paul Verlaine
CASTELOS DE VENTO: maio 2008

sábado

o vazio da sombra



o vazio da sombra

caem ermas as horas
sobre o canavial dos dias

sal e orvalho
é o que bebo na neblina
das antemanhãs

na transparência do cendal
enxergo-te ilesa
sobre a areia fina
rente ao caniçal
e respiro-te quente
a longos haustos

como um rasto de aves
sobre a vastidão
que a memória alcança
transitória e frágil
é a palavra

êxtase e sal
na luz mais ingrata
do soro da solidão

na caravana de juncos
junto às margens
não há despojos ancorados
sobre o sono dos "cardos mansos"

no cais de embarque
por cima dos umbrais despidos
do entardecer do destino
não há círios nem lâmpadas acesas
sobre os mastros

sequer estrelas

apenas suspiros
soluços
lamentos
lágrimas

e há uma rosa escarlate
e um lenço vermelho
oscilando ao vento
como vexilos de sangue
impregnados de distância

restam agora
o vazio da sombra
as trevas abissais
e o eco implosivo
dos estilhaços do silêncio

e nada mais

quinta-feira







Rasgou, sulcou, cavou profusamente até ao sono das raízes
e só então viu a profundidade da ilusão em que sempre vivera.
Zénite
. .