o grito
o único grito que ressoa na noite
não é de Munch, é meu.
um grito selvagem e de sal
que vagueia incandescente e sem amarras
pelos umbrais frios que esquadriam
os meus castros de vento e areia.
as palavras balançam num trapézio sem rede.
nada me favorece. nem as estrelas.
em peregrina imprudência, divago pelas trevas
e sigo em círculos, sem bússola nem polar,
numa prisão sonora de correntes.
um bater de asas contínuo
e um interminável galope de cascos
costuram o orvalho das minhas madrugadas.
possante e em clarão, Pégaso surge
e orbita à minha volta mas não estaca
nem me leva no seu dorso velutíneo.
um dia cumprirá a promessa que deixou cativa,
de me conduzir, como se nas asas
de um vento estranho e sem retorno,
a colher os frutos em estrela-de-água
que sob os seus cascos brotam das pedras vivas.
não é de Munch, é meu.
um grito selvagem e de sal
que vagueia incandescente e sem amarras
pelos umbrais frios que esquadriam
os meus castros de vento e areia.
as palavras balançam num trapézio sem rede.
nada me favorece. nem as estrelas.
em peregrina imprudência, divago pelas trevas
e sigo em círculos, sem bússola nem polar,
numa prisão sonora de correntes.
um bater de asas contínuo
e um interminável galope de cascos
costuram o orvalho das minhas madrugadas.
possante e em clarão, Pégaso surge
e orbita à minha volta mas não estaca
nem me leva no seu dorso velutíneo.
um dia cumprirá a promessa que deixou cativa,
de me conduzir, como se nas asas
de um vento estranho e sem retorno,
a colher os frutos em estrela-de-água
que sob os seus cascos brotam das pedras vivas.
6 Comments:
Hay días, aciagos, en que el grito que llevamos dentro, adormecido, pugna por salir para que el viento lo lleve hasta tantos oídos sordos que no nos escuchan.
Ha días obstinadamente melancóllicos en los que la estrella que nos guía toma un rumbo desconocido y nos deja así: a la deriva y contracorriente.
Hay días en que una desea volver, obstinada y desesperadamente, al claustro materno para sentir que la aurora nos protege y el líquido amniótico nos calma la sed.
Hay días así, amigo.
Bello lo que escribes.
Caro Zénite
Que grande grito!
Penso que Pégaso o ouviu a milhares de quilómetros e um dia cumprirá a sua promessa :)
É um prazer ler os seus poemas e textos
Impressionante e envolvente como sempre.
Um grito que é partilhado por muitos!
Boa semana
Beijos
Poeta um dia destes acenderei uma surpresa no meu blog.
Um dia destes o Zénite voará esse espaço com as suas asas de poesia.
jinhos
Também as tuas palavras voam com o vento. Chegou aqui o grito e o bater de asas que pensei pássaro.
A beleza de uma madrugada orvalhada.
Gostei muito do que li.
Um beijinho
my god such a crY !!
such a flY !!
beautiful l l ...
beijO
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