o vazio da sombra

o vazio da sombra
caem ermas as horas
sobre o canavial dos dias
sal e orvalho
é o que bebo na neblina
das antemanhãs
na transparência do cendal
enxergo-te ilesa
sobre a areia fina
rente ao caniçal
e respiro-te quente
a longos haustos
como um rasto de aves
sobre a vastidão
que a memória alcança
transitória e frágil
é a palavra
êxtase e sal
na luz mais ingrata
do soro da solidão
na caravana de juncos
junto às margens
não há despojos ancorados
sobre o sono dos "cardos mansos"
no cais de embarque
por cima dos umbrais despidos
do entardecer do destino
não há círios nem lâmpadas acesas
sobre os mastros
sequer estrelas
apenas suspiros
soluços
lamentos
lágrimas
e há uma rosa escarlate
e um lenço vermelho
oscilando ao vento
como vexilos de sangue
impregnados de distância
restam agora
o vazio da sombra
as trevas abissais
e o eco implosivo
dos estilhaços do silêncio
e nada mais
10 Comments:
O vazio da sombra
gostei
En passant...
Um bom dia, inspirado amigo.
Di
da solidão, despojada de tanto... resta talvez a memória de instantes, de sal, de êxtase, breves, frágeis, de tão perenes...
muito belo!
não interessa dizer do romantismo
que aqui antes o corpo dobrado
no ensaio seco dum só gesto
na memória amortalhado...
e no entanto a vida...
/tão belo como és...!! :):)
beijO
primeiro o som
depois as imagens
então as palavras
e,inesperadamente
a calma instalou-se em mim
não sei se vai durar, isto hoje está mau
abraço
Y, ¿te parece poco?
La sombra que tú nos dejas.
La llevaré conmigo.
Maravilloso recorrido por la fantasía.
Tus palabras me dejan sin ellas.
Gracias por tus buenos deseos para mi viaje. Gracias y un abrazo.
As imagens,o som formam uma dança em plena sintonia.
Bjs Zita
Palavras, em poesia. Lembro Octavio paz,
Entre lo que veo y digo,
Entre lo que digo y callo,
Entre lo que callo y sueño,
Entre lo que sueño y olvido
La poesía.
Se desliza entre el sí y el no:
dice
lo que callo,
calla
lo que digo,
sueña
lo que olvido.
No es un decir:
es un hacer.
Es un hacer
que es un decir.
La poesía
se dice y se oye:
es real.
Y apenas digo
es real,se disipa.
¿Así es más real?
Idea palpable,
palabra
impalpable:
la poesía
va y viene
entre lo que es
y lo que no es.
Teje reflejos
y los desteje.
La poesía
siembra ojos en las páginas
siembra palabras en los ojos.
Los ojos hablan
las palabras miran,
las miradas piensan.
Oír
los pensamientos,
ver
lo que decimos
tocar
el cuerpo de la idea.
Los ojos
se cierran
Las palabras se abren.
DECIR, HACER
A Roman Jakobson
...agradecer a visita e deixar-te também um abraço
Não... (copi e past)boa poesia sim Castelo de vento.... parabéns.
Enviar um comentário
<< Home