Longe demais!
Longe demais!
Eu, nómada errante,
que só tenho à minha frente
o abrasante deserto
ondulante, sufocante,
com o meu coração palpitante
sob o Sol rutilante, ofuscante,
procuro-te…
Mas não te encontro!
Eu, solitário navegante,
sulco o serpenteante rio
de montante a jusante
e, qual almirante mareante,
procuro-te no infindo mar
bramante, espumante,
mas porque estás distante
qual fulgurante diamante…
Não te encontro!
Eu, que no crepúsculo agonizante
te procuro sob a procela
troante, retumbante,
e demando o teu semblante na noite apavorante,
na ausência do bruxuleante círio,
da cintilante estrela
e do luar minguante, cativante,
eu que quero contemplar-te
nos incêndios da brilhante aurora
levante, flamejante…
Não te encontro!
Eu, que intento descortinar-te
na gigante cidade
trepidante, trasbordante,
e na pacata aldeia
branquejante, fumegante,
que clamo por ti ao vento uivante,
e ele, decepcionante,
nada me diz e, ululante,
passa adiante…
Não te encontro!
Eu, qual cavaleiro andante,
que te procuro na dedálea
rota nevada de Kathmandu,
alvejante, serpejante,
na frondejante floresta amazónica
e no fascinante tando africano
verdejante, vicejante…
Não te encontro!
Eu, que sobre o teu paradeiro
consulto a pujante Primavera
deslumbrante, refrescante,
que interrogo o escaldante Verão
secante, causticante,
que te procuro no silêncio vacilante
do hesitante Outono
e pergunto por ti à folha declinante,
voante, dançante,
e questiono o trovejante Inverno
murmurante, cortante…
Não te encontro!
Eu, que inquiro a itinerante abelha
edificante, fabricante,
e interrogo a ambulante borboleta
irisante, mutante,
que pergunto por ti à estridulante cigarra
cantante, sonante,
e à emigrante andorinha
rasante, circulante…
Não te encontro!
Eu, que indago a tua morada
à viajante Lua
amante, inebriante,
e ao possante Júpiter
triunfante, iluminante,
que interpelo a irradiante Sírio
e o dardejante Sol
flamejante, coruscante…
E todos me respondem
com enigmáticas parábolas, alegorias e símiles
que não consigo decifrar.
Contra meu talante...
Não te encontro!
Impõem-se-me assim
o cepticismo de Pirron de Élis,
o estoicismo de Zenão de Cítio,
a ascese contemplativa de Platão,
mas ainda, e sempre, a esperança
do lume vivo dos teus olhos.
que só tenho à minha frente
o abrasante deserto
ondulante, sufocante,
com o meu coração palpitante
sob o Sol rutilante, ofuscante,
procuro-te…
Mas não te encontro!
Eu, solitário navegante,
sulco o serpenteante rio
de montante a jusante
e, qual almirante mareante,
procuro-te no infindo mar
bramante, espumante,
mas porque estás distante
qual fulgurante diamante…
Não te encontro!
Eu, que no crepúsculo agonizante
te procuro sob a procela
troante, retumbante,
e demando o teu semblante na noite apavorante,
na ausência do bruxuleante círio,
da cintilante estrela
e do luar minguante, cativante,
eu que quero contemplar-te
nos incêndios da brilhante aurora
levante, flamejante…
Não te encontro!
Eu, que intento descortinar-te
na gigante cidade
trepidante, trasbordante,
e na pacata aldeia
branquejante, fumegante,
que clamo por ti ao vento uivante,
e ele, decepcionante,
nada me diz e, ululante,
passa adiante…
Não te encontro!
Eu, qual cavaleiro andante,
que te procuro na dedálea
rota nevada de Kathmandu,
alvejante, serpejante,
na frondejante floresta amazónica
e no fascinante tando africano
verdejante, vicejante…
Não te encontro!
Eu, que sobre o teu paradeiro
consulto a pujante Primavera
deslumbrante, refrescante,
que interrogo o escaldante Verão
secante, causticante,
que te procuro no silêncio vacilante
do hesitante Outono
e pergunto por ti à folha declinante,
voante, dançante,
e questiono o trovejante Inverno
murmurante, cortante…
Não te encontro!
Eu, que inquiro a itinerante abelha
edificante, fabricante,
e interrogo a ambulante borboleta
irisante, mutante,
que pergunto por ti à estridulante cigarra
cantante, sonante,
e à emigrante andorinha
rasante, circulante…
Não te encontro!
Eu, que indago a tua morada
à viajante Lua
amante, inebriante,
e ao possante Júpiter
triunfante, iluminante,
que interpelo a irradiante Sírio
e o dardejante Sol
flamejante, coruscante…
E todos me respondem
com enigmáticas parábolas, alegorias e símiles
que não consigo decifrar.
Contra meu talante...
Não te encontro!
Impõem-se-me assim
o cepticismo de Pirron de Élis,
o estoicismo de Zenão de Cítio,
a ascese contemplativa de Platão,
mas ainda, e sempre, a esperança
do lume vivo dos teus olhos.
17 Comments:
intermezzo
acosto ao sul
por entre o sal
e as algas
e agosto-me
onde o sol
se funde
em chamas
de mourisca cal
abraço!
busca diamantina, andante estrela
rutilante cavalo a trote
o teu andamento é o do sonho
onde a palavra não tem norte
nem os mapas se compram
nos quiosques do caminho
busca errante e submarina
o teu olhar tem pedras encastradas
são ágatas pequeninas
olhos que uma águia te emprestou
verás nas alturas um ponto insignificante no deserto
esse ponto será ela
e tu saberás que a tens perto
mas que o seu olhar se perdeu
rasa a planura arenosa
e toma-a nos teus braços
com um embalo suave
eleva-a para onde voem as melhores aves, naveguem as mais finas nuvens
e os fios de sol teçam filigranas felizes!
verás como o seu seio se admoesta
de um respirar menino
verás como reencontraste o leito
e o corpo que esperavas
e só então poderás sonhar como
se sonha quando não se sonha sozinho...
(gostei muito do teu poema)
Boa noite para ti, Zénite...
Tâmara amiga,
Belíssimo é o teu poema!
Muito obrigado pela visita, pelo poema e pelas restantes palavras.
Ainda vim a tempo de te responder, pois parto amanhã para o paralelo 38-1, como costumo dizer.
Um abraço e uma noite tranquila para ti.
...como não como não como não!!?
acredito nessa cal do sul nessa luz nesse agosto...
eu vou voltando ainda cega...
bom tempo. beijO
"Quando a ternura
parece já do seu ofício fatigada,
e o sono, a mais incerta barca,
inda demora,
quando azuis irrompem
os teus olhos
e procuram
nos meus navegação segura,
é que eu te falo das palavras
desamparadas e desertas,
pelo silêncio fascinadas"
(Eugénio de Andrade)
Um abraço e boa semana ;)
que este resto de agosto
te traga dias de sal e sol :)
UN ABRAZO, AMIGO.
Boas férias!
Espero que o sol e o sal do sul me recebam uns dias em Setembro :)
Beijo, amigo.
He vuelto para emborracharme de palabras.
Un beso.
Caro Zénite
Mais um excelente poema.
Curiosa a terminação dos adjectivos. Penso que lhe empresta movimento tanto "físico" quanto emocional.
Vou passando por cá para lê-lo com tempo :)
Boas férias no paralelo 38-1.
Abraço para si
P.S. penso que vai encontrá-la lá (no paralelo 38-1) :)
Passei para ler-te... deixo um beijo e continuação de boas férias... ;))
Que esse intermezzo nos azuis do sul te faça encontrá-la(o) :D
Cá te esperamos e aguardamos os restantes episódios... que todos pedem cheguem breve :-)))
Um beijo e boas férias, que para mim ainda faltam 3 semanas
Nessa procura incessante
Encontrarás
Dentro de ti
Resposta feita Corpo
Que queres descobrir
Beijo
Di
É, de facto, um poema muito bonito, Zénite! Possui uma construção de efeitos fortemente sensíveis e muito musicais. Parabéns! :)
Tomara venha a encontrá-la...!
Continuação de boas férias, se é o caso.
bOm tempO...
~ beijO
Passei de novo e parece que esta casa continua de férias :)
O meu obrigado a todas as visitas.
Retribuirei logo que possa.
Com um grande abraço.
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