entre a pedra dura e o verde mar
entre a pedra dura e o verde mar
caminharei sempre por estas veredas
entre a pedra dura e o verde mar
e beberei das fontes destes ventos
a espuma das manhãs da preia-mar.
modelarei com os meus dedos de argila
a liquidez do fio do horizonte
onde a linha de luz por que me guio
voa à deriva com as andorinhas
ao lado da gaivota de dorso cinzento.
contornando brumas e escolhos
emigrarei silencioso e invisível ao teu encontro
vogando nos espelhos de lua-de-água dos teus olhos.
mergulharei no mar vermelho dos teus lábios
e subirei às nuvens brancas e hialinas
na linha limite entre o céu e o mar
onde as minhas lágrimas são salinas.
conheço as folhas deste livro.
estive no seu lançamento.
desfolhei na maresia este ar salgado
esta doce brisa evanescente
que paira nos horizontes azuis do tempo
a pedra abismo para onde emigro.
na pátina submersa da voragem dos dias
quando arrastadas pelo vento
as folhas do calendário da terra
rastejam setembrinas
pelo chão ainda morno
das ténues arestas de agosto
setembro-me com elas sobre a pedra indócil.
num prenúncio de chuva e vinho mosto
madrugarei pelas teias de luz na tua procura
e sob os céus de cobre de todos os ocasos
anoitecerei igual como se fora equinócio.
3 Comments:
....a pedra abismo para onde emigro..............
"setembro-me..." porque depois me outonarei, início de um outro tempo mais verdadeiro. Os estios são fáceis, superficiais.
na linha limite entre o céu e o mar
linha indefinida entre azuis de céu e mar, que os olhos vêem e as mãos não alcançam
Depois de Agosto,
num choro de violino
trazido pelo vento,
outonar-me-ei
por entre o zéfiro
e o roxo das uvas
em sabores de fruta
e vinho mosto
ao som de "wake me up
when september ends”. ;)
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