Ampulheta

Foto: António Louro
Ampulheta
Entre uma e outra âmbula
há um tempo oculto, silencioso,
que corre vermelho de sangue
na ampulheta do teu corpo.
Céu e terra
duas âmbulas
ligadas pela cintura fina
que ajusta dentro
das lâmpadas dos meus olhos
a tua silhueta inteira
e divina de deusa virgem.
Na superior
o fogo do céu que deseja.
Na inferior
o lhano prazer da terra,
o que alberga
e nutre o gérmen do trigo.
Numa incandescência
solar de mel e romãs
tudo cresce e prolifera
rente à promessa dos dias
num crepitar de chamas,
qual cordão de umbigo
saído do lume
de místicas raízes.
[Assim medram
florescem e atravessam
a respiração dos dias e da terra
os renovos que cumprem
e iluminam de brilhos a Primavera.]
há um tempo oculto, silencioso,
que corre vermelho de sangue
na ampulheta do teu corpo.
Céu e terra
duas âmbulas
ligadas pela cintura fina
que ajusta dentro
das lâmpadas dos meus olhos
a tua silhueta inteira
e divina de deusa virgem.
Na superior
o fogo do céu que deseja.
Na inferior
o lhano prazer da terra,
o que alberga
e nutre o gérmen do trigo.
Numa incandescência
solar de mel e romãs
tudo cresce e prolifera
rente à promessa dos dias
num crepitar de chamas,
qual cordão de umbigo
saído do lume
de místicas raízes.
[Assim medram
florescem e atravessam
a respiração dos dias e da terra
os renovos que cumprem
e iluminam de brilhos a Primavera.]