quarta-feira
domingo
omnia vincit amor

Agostino Carracci (1557-1602)-"omnia vincit amor"-oil on copper
omnia vincit amor
É brisa, é eco, raiz, lamento,
e no entanto não chora nem ecoa,
antes ruge e troa tão pungente,
tão indefinido, quão incerto e transparente,
que não é chuva, nem é fogo nem é vento,
é antes e tão-somente, uma furtiva lágrima,
um sentir de poeta, um reflexo de luz intenso,
tão demorado, tão oculto e tão dolente,
e é de tal forma e de tal sorte tão premente,
que ressoando clandestino pelo peito,
sentindo-se, contudo não se sente,
e ardendo, todavia não se extingue.
e no entanto não chora nem ecoa,
antes ruge e troa tão pungente,
tão indefinido, quão incerto e transparente,
que não é chuva, nem é fogo nem é vento,
é antes e tão-somente, uma furtiva lágrima,
um sentir de poeta, um reflexo de luz intenso,
tão demorado, tão oculto e tão dolente,
e é de tal forma e de tal sorte tão premente,
que ressoando clandestino pelo peito,
sentindo-se, contudo não se sente,
e ardendo, todavia não se extingue.
terça-feira
cisne negro

quando a minha alma triste já sem asas
devaneia em lúgubres sonhos de amargura
em equinócios de cisnes negros
no último canto do beiral da primavera
meu canto elevo qual ave de diomedes
que chora cantando a morte fera
quando o sofrimento se antecipa ao contentamento
quando o silêncio determinante e sofredor amarga
e se transforma em feral vórtice de dor e mágoa
quando o voo é demasiado comprido e inalcançável
oh como é imperativo cisne negro
morrer nas asas do vento.
--
no derradeiro abraço do vento
explícitas são a simetria aberta das tuas asas
e a plangência dolorida do teu canto.
sobre o tremedal labirinto
ferem-se as cordas ao dolente pranto.
estática
só a saudade do tempo inicial
permanece.
intacta.