CHANSON D'AUTOMNE

Les sanglots longs
Des violons
De l'automne
Blessent mon coeur
D'une langueur
Monotone.

Tout suffocant
Et blême, quand
Sonne l'heure,
Je me souviens
Des jours anciens
Et je pleure.

Et je m'en vais
Au vent mauvais
Qui m'emporte

Deçà, delà,
Pareil à la
Feuille morte.

Paul Verlaine
CASTELOS DE VENTO: Pássaros cruéis

quinta-feira

Pássaros cruéis










Pássaros cruéis

Um fluxo de dólares e de sangue
jorrando sobre a Mesopotâmia.
Um sino de fogo embutido nos umbrais do deserto.
E a fúria insana.
O crude golfando sobre o equinócio
num concerto de morte.

E há falcões.
Falcões que dançam e pairam sobre os soluços
do amanhecer sangrento.
Talvez abutres.

Fogo e cinzas calcinadas,
estilhaços, gritos, pedaços de argila.
A morte galopando sobre as cidades.
Não há palavras. Apenas armas.

Breve, um talismã tomba sobre o asfalto.
Um turbante esvoaça, branco,
sob o luar negro de fumo.
Calou-se a flauta de vento
que flébil gemia sob a tamareira.
Eternos e piedosos, a Lua e Vénus
velando a morte.

Cessaram os sorrisos no país de Aladino.
Sangue e lágrimas, apenas.
Um sem-fim de covas e cemitérios e morte.
A face lúgubre e sombria do fim.

Onde as crianças acordadas
no seu sonho peregrino?
Onde o berço da civilização? Onde a justiça?
Onde Babilónia, a dos Jardins Suspensos?
Onde as palavras que brotaram da argila?
Onde a água de sonho do Tigre?
Onde os pássaros voando na brisa levantina?
Onde as chispas de oiro e prata
das águas de espelhos do Eufrates
ora tintas de sangue?
Onde a mulher que embalava no berço
o seu menino de olhos de mel?
Onde o menino?
Onde a Babel?

A coberto dos ventos de opróbrio e azeviche,
nabucodonosores de barro tombam
-outros elevam-se! -
no resvalo da pedra de Sísifo.
Será tarde, muito tarde,
quando trepidantes de náusea
os corcéis de fogo do Apocalipse
migrarem para o frio
na companhia dos pássaros cruéis.

O verbo distorcido aguarda, receoso,
a frieza invencível da razão clara.
Viscoso e mole o mutismo dos homens
flanqueia a gelatina estática do caos.
Fenece, a pouco e pouco, o país de Gilgamesh.

11 Comments:

Blogger margarida said...

É tão estúpida a guerra!

Que bem o escreves.

AASC

8:55 da manhã, junho 21, 2007  
Blogger Mar Arável said...

AGRADEÇO VISITA - VOLTAREI

6:43 da tarde, junho 21, 2007  
Blogger chipichipi said...

Intenso!
Impressiona com a força das palavras e choca com as imagens de violência que nos envolvem.

11:01 da tarde, junho 21, 2007  
Blogger Concha Pelayo/ AICA (de la Asociación Internacional de Críticos de Arte) said...

Me espanta "ese mutismo de los hombres"

Un abrazo amigo.

Te dejo un comentario en UNAFRESA

4:12 da tarde, junho 22, 2007  
Blogger isabel mendes ferreira said...

fico felizmente maravilhada...

insólito?


não. de todo.



a maravilha é de tanta sensibilidade.



obrigada.

5:35 da tarde, junho 22, 2007  
Blogger Maite said...

Caro Zénite

Como a voz da pedra em castelos de vento.

Gostei do seu poema

Boa noite para si

10:34 da tarde, junho 22, 2007  
Blogger Sisi said...

guerra???

para que?

o k se resolve?
nada infelizmente nada....
tudo poderia ser tao bonito:o)

gostei do poema:) voltarei de certeza...
beijinhos doces e um bom fim de semana
mu@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@))))

1:10 da tarde, junho 23, 2007  
Blogger Concha Pelayo/ AICA (de la Asociación Internacional de Críticos de Arte) said...

Cuán placentera es la vida para los que, la Diosa Fortuna, hizo que nacieran en un lugar determinado del mundo.

Qué es lo que hicieron otros para que su vida sólo sea el fluir de las lágrimas?

Un abrazo amigo, por esta vuelta a la realidad. Tan cruda.

10:57 da manhã, agosto 08, 2007  
Blogger Zénite said...

Sim, amiga Unafresa: que fizeram eles de mal para tanto sofrimento e morte?

Sabemos, no entanto, o nome e paradeiro do principal culpado. E sabemos que há um tribunal - o Tribunal Criminal Internacional - que o devia julgar, mas não pode, porque esse culpado entende que só os nacionais de outras nações, que não os americanos, devem ser julgados e punidos através de tal jurisdição.

Um abraço, amiga!

1:02 da tarde, agosto 09, 2007  
Blogger Concha Pelayo/ AICA (de la Asociación Internacional de Críticos de Arte) said...

Amigo mío. Ni cejemos ni descansemos hasta conseguir sean juzgados, no solamente al Presidente de los Estados Unidos, sino al propio Aznar, por irresponsable, por la soberbia que no le abandona, al señorito Blair y a tantos otros gobernantes que nos han sometido a su malévolo juicio.

Personalmente, les condeno a todos muy severeamente.

Ojalá sena juzgados por los crímenes y atentados que cometen contra los más desfavorecidos.

Un abrazo amigo y muchas gracias por dedicarme el último post. Por suerte comparto cotigo muchos sentimientos de inconformismo e inquietud.

Un gran abrazo.

12:40 da manhã, agosto 11, 2007  
Blogger Zénite said...

Há outro falcão ibérico a considerar, amiga: Durão Barroso, actualmente presidente da Comissão Europeia. Não nos podemos esquecer que foi ele o anfitrião da “ Cimeira das Lajes”, nos Açores, que foi uma cimeira de guerra, que não de paz, como descaradamente pretenderam induzir nas mentes dos menos atentos.

Essa grotesca cimeira foi levada a cabo a 16 de Março de 2003,ou seja, a 4 dias da invasão do Iraque pelo exército americano!

A quem pretenderam/pretendem estes tipos fazer passar as suas mentiras? Será que o mundo é tão ingénuo e incauto como eles o sentem?

Regresso às palavras de Martin Luther King : "O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons."

É para mim uma honra comungarmos tais sentimentos de inconformismo e inquietude.

Abraço, Amiga, e bom fim-de-semana.

1:03 da tarde, agosto 11, 2007  

Enviar um comentário

<< Home

. .