entre os lençóis e as árvores

entre os lençóis e as árvores
uma lâmina de frio vara o silêncio
das vidraças do meu quarto
e desce inquieta sobre o teu xaile de lã virgem
estás longe
muito longe!
presente apenas o xaile
e o dezembro gélido e estranho
que navega na célere vertigem
de dobrar o solstício para atingir o natal
abro a janela
um silêncio feminil de luar
suspende-se nocturno
e desce das copas das árvores
trespassa os umbrais
e insinua-se cheio pelo quarto
lânguida e doce a claridade da lua
derrama-se e fulgura por sobre a seda
núbil do teu corpo adiado
num incêndio de êxtase e mel
surges-me num afresco
por sobre os lençóis da minha noite
a bordo dos meus dedos de argila
navegam já todas as tintas e os seus segredos
mas os dedos ansiosos e trémulos como a minha mente
em vez de avivarem a cores quentes a tua presença
apenas conseguem esboçar uma réplica da tua ausência
que persiste agora no vazio penumbroso
e sombrio de um retrato a sépia
(entre os lençóis e as árvores
o epicentro da minha saudade)
das vidraças do meu quarto
e desce inquieta sobre o teu xaile de lã virgem
estás longe
muito longe!
presente apenas o xaile
e o dezembro gélido e estranho
que navega na célere vertigem
de dobrar o solstício para atingir o natal
abro a janela
um silêncio feminil de luar
suspende-se nocturno
e desce das copas das árvores
trespassa os umbrais
e insinua-se cheio pelo quarto
lânguida e doce a claridade da lua
derrama-se e fulgura por sobre a seda
núbil do teu corpo adiado
num incêndio de êxtase e mel
surges-me num afresco
por sobre os lençóis da minha noite
a bordo dos meus dedos de argila
navegam já todas as tintas e os seus segredos
mas os dedos ansiosos e trémulos como a minha mente
em vez de avivarem a cores quentes a tua presença
apenas conseguem esboçar uma réplica da tua ausência
que persiste agora no vazio penumbroso
e sombrio de um retrato a sépia
(entre os lençóis e as árvores
o epicentro da minha saudade)